Me espantei com o que li no site de um grande jornal e passei a pensar na pergunta que intitula este texto. Vivemos em uma sociedade moderna, teoricamente baseada no chamado Estado Democrático de Direito e assim sendo temos direitos fundamentais como a liberdade de escolha e a de expressão. Entretanto, essas questões ocorrem apenas no campo teórico e frequentemente nos deparamos com ataques absurdos a esses direitos básicos.
O texto em questão era mais uma prova do conservadorismo de parte de nossa sociedade, que se afirma esclarecida, mas nutrem internamente o espírito déspota, que atropela as liberdades, quando as mesmas contrariam seus ideais tacanhos. Um professor de história com alta qualificação para o cargo, foi demitido de uma escola cara da zona sul paulistana, com a justificativa de que não agia de forma adequada em relação ao perfil pedagógico da instituição.
O educador descobriu depois que na verdade ele foi alvo de muitas críticas por parte de colegas de trabalho e também de pais de alunos, que reclamavam de seus hábitos e gostos excêntricos e perturbadores. Admirado por muitos de seus alunos, que aprenderam com ele uma forma alternativa de pensar e questionar o mundo. Suas aulas eram permeadas de rock, em estilos variados como The Beatles, Led Zeppelin, Mutantes, Raul Seixas, Rolling Stones, Slayer, Sodom, Children of Bodom, Metalica e outras bandas de havy metal.
Além da parte musical, estimulou os estudantes a ler Jack Kerouac, maior nome do movimento conhecido como beatinik, biografia de Che Guevara, filosofia grega, Ernest Hemingway, George Orwell e outros nomes que passam ao largo de obras como Harry Potter e Crepúsculo. Segundo os críticos do educador, esse comportamento e essa metodologia de ensino não era apropriada para os filhos da alta burguesia paulistana e assim sendo, os mesmos pediram "a cabeça" do professor revolucionário.
Este triste episódio levanta o importante debate para a sociedade contemporânea: Qual o verdadeiro papel da educação? Ensinar a questionar e pensar, ou adestrar e condicionar as novas gerações? Como se pode ensinar alguém, atacando de forma tão covarde princípios básicos como as liberdades fundamentais? Estes senhores, que se apresentam como o modelo a ser seguido, na realidade caminham na direção oposta da educação. Preferem castrar e limitar o pensamento das novas gerações, como se o verdadeiro sentido da educação fosse utilizado para desestabilizar a sociedade, colocando em risco o estabilishiment, do qual eles usufruem.
Nessa triste história, o grande derrotado não foi o bravo educador, mas sim a educação e os agora ex-alunos do mesmo professor e os detratores do historiador também não ganharam nem a batalha e muito menos a guerra. Neste lamentável embate entre conservadores e progressistas, só vemos perdedores, pois não existe espaço para os vencedores.
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