segunda-feira, 11 de julho de 2016

Vamos mal


A radicalização política e social que ganhou tamanho estratosférico depois das “Jornadas de Julho”, em 2013, vem construindo situações cada vez mais patéticas no nosso país. 

Recentemente tivemos o caso envolvendo a roteirista Petra Leão e uma história da Turma da Mônica Jovem, onde um simples debate sobre mudanças estéticas foi interpretado por muitos conservadores, como discurso pró-aborto, pois a personagem Mônica, ao firmar questão de que não colocaria aparelho ortodôntico, utilizou-se da frase “Meu corpo, minhas regras”, bordão muito utilizado pelas feministas que defendem a descriminalização do aborto.

Os “críticos” da história em quadrinhos chegaram a pedir a demissão de Petra Leão, pois segundo eles ela estava fazendo apologia ao aborto. O estranho desse fato é que o também roteirista, Marcelo Cassaro, também trabalhou na mesma edição da revista e em momento algum, fora criticado por estes senhores.

Poucos dias depois do caso envolvendo a revista da Turma da Mônica, os conservadores ignorantes, voltaram a agir de maneira estapafúrdia. Dessa vez, o caso envolve uma professora da rede estadual no Paraná.

A professora Gabriela Viola, que leciona Sociologia no Colégio Estadual Professora Maria Gai Grendel, pediu a seus alunos que eles fizessem um trabalho sobre Karl Marx e a partir daí, os estudantes produziram uma paródia do funk, “Baile de Favela”, de MC João, onde falam da obra marxista. A partir da música, os jovens fizeram um vídeo com a apresentação da música e como já era esperado, o mesmo foi parar na internet. Isso foi o suficiente para que passassem a acusar Gabriela Viola de promover “doutrinação marxista”.

A professora foi afastada de suas funções pela diretoria do colégio que alegou ainda que a docente estivesse expondo os alunos e difamando a instituição, como se ensinar o que está previsto no currículo escolar, fosse algo que os professores não deveriam fazer. Os alunos se mobilizaram e criaram a campanha #VoltaGabi, manifestando apoio a professora.

Casos como esses mostram que o Brasil vem nos últimos tempos, caminhando a passos largos para uma sociedade de pensamento único direcionado pelo governante de plantão, nos moldes já denunciados George Orwell (1903-1950), em 1984, um romance que retrata a difusa fiscalização e controle de um determinado governo na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os direitos dos indivíduos.

Esse quadro, mostra como vamos mal a seguir esse caminho. Por isso, é preciso resistir, questionar e lutar em defesa das liberdades individuais e também do livre pensamento.

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