Sempre
que se fala, pensa e ou estuda-se a Revolução Cubana, de 1959, quando o
Movimento 26 de julho depôs o ditador Fulgêncio Batista e instaurou um regime
comunista na ilha, lembramo-nos de nomes como Fidel Castro, Raul Castro,
Cienfuegos, Che Guevara, mas pouco se fala de outra figura fundamental para o
sucesso dos guerrilheiros comunistas.
Falo
de Celia Sánchez, uma das líderes do Movimento 26 de julho e que fora da ilha é
pouco conhecida, mesmo pelos historiadores e pesquisadores que estudam a
revolução, o governo revolucionário e o país. Na ilha, Sánchez é reconhecida
como heroína, seu nome está nas praças, escolas e principalmente motiva
diversas mães da darem seu nome as suas filhas em forma de homenagear, a líder
revolucionária.
Celia
Sánchez Manduley, fundadora e dirigente do Movimento 26 de julho na Província
do Oriente, nasceu em 9 de maio de 1920, na localidade de Media Luna. Filha de
Manuel Sánchez e Acácia Manduley, teve nove irmãos. Seu pai era médico e
atendia os camponeses da região, onde era muito querido pela população.
O
doutor Manuel, era filiado ao Partido do Povo Cubano, popularmente conhecido
como Partido Ortodoxo. Quando ainda era adolescente, Celia passou a integrar a
juventude do partido, lá conheceu o jovem estudante de direito, Fidel Castro.
Como
o partido seguia uma linha populista, combatia a corrupção e as multinacionais,
mas era limitado pela ideologia pequeno-burguesa. Por isso Fidel começa a
organizar a juventude, defendendo uma linha revolucionária, defendendo os
interesses dos camponeses e dos mais pobres, guiados pelo marxismo e influenciados
pelo pensamento de José Marti.
Celia
ajuda Fidel a organizar a juventude, dando origem ao Movimento 26 de julho. O grupo
congregava cerca de 1500 membros. Quando Batista instaura uma ditadura e
impossibilita a ação oposicionista de maneira institucional, Fidel e o
movimento passam a traçar uma estratégia de tomada do poder por meio das armas.
Para
o Movimento 26 de julho, as condições para a ação armada, estavam dadas em
Cuba, faltando apenas uma vanguarda reconhecida pelas massas. A ação inicial da
guerrilha, foi o ataque ao quartel Moncada. A intenção do assalto era
distribuir entre a população, as armas tomadas na ação. 150 jovens participaram
da ação, realizada no dia 26 de julho, por isso o movimento passa a ser chamado
pela data.
A
ação não saiu como o planejado e poucos sobreviveram, mas o movimento passou a
angariar apoio popular e teve papel fundamental na luta pela libertação, que
aconteceu somente seis anos após o episódio em Moncada.
Em
1953, ano do centenário de nascimento de José Martí, poeta, filosofo e símbolo
da luta pela independência de Cuba. Meses antes do ataque a Moncada Celia
Sánchez e seu pai e vários companheiros do Movimento fizeram homenagem a Marti
colocando um busto dele no ponto mais alto do Monte Turquino. Celia afirmava
que a homenagem era para lembrar ao povo, que ainda era preciso concluir a obra
iniciada por Martí.
Celia,
não esteve no ataque a Moncada, mas participou ativamente da campanha
financeira para ajudar os prisioneiros e seus familiares. Com sua dedicação,
simpatia e conhecimento da região, Celia organiza o Movimento na região
oriental, junto com Frank País e criou uma rede humana de apoio a guerrilha
libertadora.
A
ação desta rede teve influencia direta na transformação do pequeno grupo de 12 homens,
que sobreviveram ao desembarque do Granma, em um Exército Rebelde invencível,
que tomou o poder em apenas 25 meses. Assim como no caso do ataque ao quartel
Moncada, esta ação, não saiu como o planejado, a ponto de Che Guevara, dizer,
que aquilo não foi um desembarque e sim um naufrágio.
Caso
os rebeldes conseguissem desembarcar no local planejado, teriam encontrado
dezenas de homens liderados por Celia, com toda a infraestrutura necessária
para o translado até Sierra Maestra. Quando logo após o desembarque, as forças
governistas noticiaram a morte de Fidel, foi Célia quem levantou o moral dos
revolucionários, afirmando que Batista mentia ao afirmar que Castro havia
sucumbido aos ataques.
Celia,
que teve como codinomes, Norma ou Aly, foi o elo entre os rebeldes da montanha
e da planície, organizando o fornecimento de remédios, roupas e alimentos, além
de conduzir novos combatentes que foram incorporados a guerrilha. Por isso Sánchez
foi duramente cassada pelo Exército de Batista, mas sempre com insucessos.
Celia
chegou a insistir em ir para o México e colaborar nos preparativos da
expedição, mas foi convencida por Frank País a permanecer na ilha e atuar na
base de apoio. Em maio de 1957, Sánchez sobe a serra e integra o Exército
Rebelde, tornado-se guerrilheira de destaque, passando a ser auxiliar direta de
Fidel. Manteve-se próxima a Fidel, até sua morte em 11 de janeiro de 1980.
Sánchez fora pioneira na guerrilha de Sierra Maestra, sendo depois seguida por
várias outras. Esteve no ataque ao quartel Uvero, a primeira grande vitória dos
revolucionários, sobre o Exército de Batista.
Durante
sua atuação em Sierra Maestra, Celia atuou também como memorialista da
guerrilha, guardando documentos, papéis, anotações, palavras e discursos de
Fidel. O dia-a-dia da guerrilha só ficou conhecido, através do Diário de Che
Guevara e àdocumentação de Célia.
Sánchez
integrou o Comitê central do Partido Comunista Cubano, fundado em 1965, a
partir da unificação do Movimento 26 de Julho e o Partido Socialista Popular.
Foi secretária do Conselho de Estado de destacou-se como defensora da arte, da
história e das manifestações da nacionalidade cubana. A casa em que nasceu
virou o Museu da Casa Natal de Celia, repleto de documentos e objetos pessoais,
além de álbuns fotográficos de sua família.
Entre
as milhares de homenagens do povo cubano à Celia Sánchez, está o monumento
erguido no Parque Lênin, projetado por ela, no subúrbio de Havana, que é um dos
lugares preferidos da revolucionária que escreveu seu nome na história de seu
país.
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