Tá
chato, tá triste e está feio. Pelo visto uma prática absurda vem sendo cada vez
mais corriqueira no Estado do Rio de Janeiro. Há pouco mais de um ano, durante
manifestações de movimentos sociais opositores ao governo do estado do Rio de
Janeiro, foram alvos de uma ação judicial e também policial, que resultou na
prisão de vários manifestantes.
O
problema da decisão, judicial que garantiu a ação da polícia é que ela
aconteceu de maneira “preventiva”, sem que os detentos tivessem cometido algum
crime e para evitar que tais crimes ocorressem, os manifestantes foram detidos
previamente. A ação foi rápida e amplamente relacionada ao livro de ficção
científica Minority Report, do escritor estadunidense Philip K. Dick
(1928-1982) e que virou filme em 2002, estrelado por Tom Cruise e dirigido por
Spielberg. Este blog mesmo publicou texto
sobre o fato.
Na
história, um chefe de uma divisão especial da polícia que atua na prevenção de “crimes
de homicídios”, prendendo os “criminosos”, antes de os fatos ocorrerem. Agora,
nesta semana, a polícia fluminense mostrou que os “Precogs” continuam vivos e
ativos na corporação.
Mesmo
sendo uma afronta ao Estado Democrático de Direito, essa história voltou a
acontecer no Rio de Janeiro. No último dia 23, a Polícia Militar abordou um ônibus onde 15 jovens estavam a caminho das praias da zona sul e os deteve. O
grupo foi encaminhado para o Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao
Adolescente (Ciaca).
A
justificativa para a ação era que os menores poderiam cometer crimes na orla
carioca e para evitar que isso acontecesse, a polícia os recolheu. Nada mais
parecido com o personagem Precog, da obra supracitada.
É
lamentável que as forças de segurança do estado ainda atuem de maneira tão
reacionária, preconceituosa e criminosa. Dos 15 jovens, detidos apenas um era
branco, os demais, todos negros. Isso sem mencionar o fato de que todos são
moradores de áreas carentes da zona norte e da baixada.
Neste
caso, fica gritante a ideia de delimitar espaços públicos segregando a
população e ainda atropelam a legislação, apenas para manter seus interesses
próprios e o status quo. Como escrevi no texto publicado ano passado, “Quem
extrapolar os direitos garantidos pela legislação brasileira deve sim ser
responsabilizado, mas somente após a consolidação dos fatos. Caso contrário,
estaremos consolidando o passado vislumbrado por Philip K. Dick, em Minority
Report e quem já leu o livro e ou viu o filme sabe que o final da história não
é algo bom”.
Espero
que a força policial se desculpe perante a sociedade, liberte os garotos e não
repita mais casos estapafúrdios como esse.
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